sexta-feira, 29 de maio de 2009

Hoje


Os segundos do hoje de agora estão se esgotando, em breve será amanhã.

E amanhã um constante de manhãs despidas de tudo...

O hoje de agora está se esvaindo entre meus dedos tortos

Dedos de uma mão torta

Torta de cereja!

Ao licor!

A cereja é um afrodisíaco...

E o licor é o segundo se esvaindo em tempo....

Mas ainda há tempo.... ainda...

terça-feira, 26 de maio de 2009


"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro."

Clarice Lispector

sexta-feira, 22 de maio de 2009


A chuva não para no Norte Nordeste. Casas despencando do alto de sonhos, pessoas sendo esmagadas pelas próprias casas, sem esperança...
A moça pisou no bueiro e sumiu,,,
A criança morreu soterrada.
Negros e pobres, qual navio negreiro!
Em Santa Catarina, quando casas de bairros nobres cederam às enxurradas, o país inteiro se mobilizou... O país inteiro se condoeu e fez doações para ajudar aquelas pobres pessoas ricas, loiras de olhos azuis que perderam tudo.
Mas no Maranhão morreram tantos.... No Ceará centenas estão desabrigados.... Na Bahia, desolação.... Mas aí é normal são todos pretos e pobres...No Pará então não conta, porque nem negros e pobres são, são somente indios...
E viva o povo brasileiro!

Acabou a casa no campo!!!!!


Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais
Zé Rodrix e Tavito

Morre Zé Rodrix, aos 61 anos, de repente...
De repente a música brasileira está ficando cada vez mais pobre...
Quem sabe, Zé, você não encontra a Elis e juntos, vão poder enfim colher pimenta e sal????

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Olhar de Deusa



O teu olhar de deusa, me deixa assim meio sem jeito...
Deixei um poema na mesa, saudade enrustida no peito
O teu olhar de deusa, teu olhar de deusa...
Me corre baixinho, me embaralha os sentidos, me turva a visão
Me deixa perdido
Socorro
Eu me sinto tão tolo
Eu não sei se mereço o apreço dos desejos teus
O teu olhar de deusa
Me envolve como um grande beijo
Não é apenas beleza, não é simplesmente desejo
O teu olhar de deusa, teu olhar de deusa
Confunde a razão, me faz estremecer, espalhar pelo chão,
Penso que vou morrer
Socorro,
É um total desconsolo
Eu não sei se mereço o desapreço de outro adeus!
O teu olhar de deusa.....
Yves Raymond

terça-feira, 12 de maio de 2009

INVISIBILIDADE






TESE DE MESTRADO NA USP por Fernando Braga da Costa


'O HOMEM TORNA-SE TUDO OU NADA, CONFORME A EDUCAÇÃO QUE RECEBE'
"Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível". Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da 'invisibilidade pública'.

Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social.
Plínio Delphino, Diário de São Paulo

O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali, constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são 'seres invisíveis, sem nome'. Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da 'invisibilidade pública', ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisãosocial do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa.Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida:"Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência", explica o pesquisador.O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano. "Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão", diz. "No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse:'E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?' E eu bebi.Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar.O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central. Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passei em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar, não senti o gosto da comida e voltei para o trabalho atordoado.E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou?Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando - professor meu - até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão." E quando você volta para casa, para seu mundo real? "Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais. Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. Esses homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, freqüento a casa deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador.Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como se fossem uma 'COISA'. *Ser IGNORADO é uma das piores sensações que existem na vida! "

Como o ser humano pode achar que está num patamar acima de alguém e que pode olhá-lo do alto só porque tem mais dinheiro ou mais cultura? Oh insensatez..... A grande nau dos insensatos!!!!!

sábado, 9 de maio de 2009

E SE DEUS NÃO DÁ??????



O que mais me dói é olhar para os parentes daquelas pessoas que estão morrendo porque atravessaram a rua alagada e um bueiro aberto tragou a mulher e a filhinha de 6 anos! Porque o barraco onde eles moravam ao pé da encosta desabou e soterrou seus entes queridos! Porque o jornalista, do outro lado da rua, grita para eles sairem, mas não dá uma opção para onde ir.
Mas o que mais me dói é ver a resposta destas pessoas. Foi Deus quem quis assim. Se meu barraco cair é por que Deus assim o desejou! Eu sei que minha mulher e minha filha estão num lugar melhor!!!!!!
Porque culpar Deus ou até agradecer a ele? Porque não olhar à nossa volta e perceber que estamos sendo aos poucos selecionados, como fez Hitler, com mais coragem....Pelo menos ele mostrou a cara.
Ou ninguém se deu conta que quem está morrendo são os que não tem uma casa num lugar decente, os que não tem um carro e tem que atravessar ruas com bueiros abertos, os que se conformam com o que Deus dá!!!!!! E Deus dará???????
Ah não, dirá a grande maioria, sempre culpando os políticos! Mas dessa vez foi a natureza! É Deus que está revoltado!
Mas porque Deus não se revolta comigo, que moro num bairro de classe média, num apartamento sólido, onde o máximo que acontece numa tempestade é estourar um poste de luz que é consertado imediatamente, porque (tenho sorte!), na vizinhança moram deputados!!!!!
Bom, vou pegar meu carro agora e almoçar num restaurante, porque a cozinheira está tentando salvar os parcos móveis que se perderam no alagamento....
"Diz que deu, diz que dá,diz que Deus dará,não vou duvidar, ô nega
E se Deus negar ô nega, eu vou me indignar e chega, Deus dará, Deus dará, Deus dará"
Chico Buarque de Holanda

quarta-feira, 6 de maio de 2009


Se tudo se move, bailemos...bailemos...

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Pelo que somos....


Com que altivez erguemos a voz para mostrar nossa parca sabedoria!

Seres humanos imersos em desassossegos..


Tenho a náusea física da humanidade vulgar, que é, aliás, a única que há. E capricho, às vezes, em aprofundar essa náusea, como se pode provocar um vómito para aliviar a vontade de vomitar.

Bernardo Soares (Heterônimo de Fernando Pessoa)

Reconstrução


Sempre é possível,
Mesmo o improvável!
Mas sempre restam as cicatrizes...

sábado, 2 de maio de 2009


Ando pelo mundo como um ser eterno
Na velocidade de uma lágrima vã!
Ando pelo tempo à procura de um momento
Que ficou marcado.... para sempre!!!!!!!

Arrumar as malas e voltar para casa... A sensação de recomeço deveria estar me invadindo...mas não! A sensação de liberdade deveria estar gritando forte, mas não! A sensação de dever cumprido, essa sim, sossega minha alma.

Separar coisas... O côco com cachaça, que herdei do Ataliba, tem a cara do Marcelo. O ferro de passar roupa, afinal nunca emprestado, é claro que vai para o Tomás, a cadeira de praia, também herdada do Ataliba, vai para o Ricardo. As almofadas para a Rose. A pimenta para o Hélio. A Pati fica com a espiriteira. Os cremes de cabelo, para a Giovane... O travesseiro vai para o Robson... O CD de música gaúcha para o Fabrício e a Carlinha fica com todo o resto.... Levo o DVD que o Renato me deu e deixo com ele meus 20 anos....
Isto está parecendo um testamento....
No fundo não deixa de ser.... é como se eu estivesse enterrando um passado, uma mulher de apenas 2 anos, com a experiência de mais de 50....
É muito louco este sentimento mas fui duas durante 2 anos.
Aquela que voltava pra casa a cada 42 dias, cheia de saudades e de novidades e a que morava em Ourilândia do Norte, buraco perdido na floresta amazônica....
Quero deixar gravada pra sempre essa lembrança... Não da obra, do trabalho, dos profissionais, nem do cliente e muito menos dos empregadores....Quero deixar gravadas as sensações e os sentimentos das pessoas com as quais conviví, das pessoas que amei e daquelas que em algum momento odiei. Das que marcaram minha vida de alguma forma, e com certeza para sempre.

É necessário que tudo viva!





Um dia, andando pela rua, vi um menino. Belo e casto, como todos os meninos. Veio a mim e me ofereceu seu doce.
Ele sorria! Um sorriso grande! Talvez não tão grande, mas era o único que ainda sorria...
Nos demos as mãos e fomos caminhando. A cada passo eu diminuia, diminuia...
Quando dei por mim estávamos num jardim cheio de flores azuis e rosas, correndo atras de uma borboleta de ouro...
De repente, uma sirene! Aquela maldita sirene! Gritos! Palavras sem sentid0. Sem sentido e sentí-las, eram apenas meras palavras...
E o meu menino? O MEU MENINO?????
Evaporou-se no meu sonho...Perdi novamente minha intensidade!

É necessário que tudo viva!
Que rodopie num salão de plumas!
Que dance numa dança rústica,
A esperança do esperar ser válido!
É necessário que tudo implore afeto!
Que tudo que for real, seja mais sonho,
Que o sonho, que faz mal, seja verdade
E que a verdade seja necessária e viva!!!!!!!!!!